Prevenir para não punir: de onde veio a inspiração?
Já é do conhecimento de todos que trabalho a prevenção às drogas como pilar principal das políticas públicas de segurança. Mas ainda não se sabe de onde vem esta minha crença grandiosa de que é “é melhor prevenir do que prender”. Pois bem, hoje lhes trago uma passagem que irá corroborar com esta minha defesa.
Estou numa coordenadoria da Polícia Militar do Piauí que se estende por todo o nosso estado, e que possui ações desenvolvidas em mais de 70 municípios. E viajo por todos eles.
Certo dia, cheguei à linda Floriano, a princesa do sul, para mais uma de nossas atividades. Era um sábado de verão, com aquele sol escaldante que nós piauienses tanto conhecemos. Eu ia com passos apressados, procurando uma sombra, entrando no quartel do 3* BPM, quando um sargento, daqueles bem antigões, chama meu nome, fazendo-me parar instantaneamente.
O sargento vinha meio ofegante com o celular na mao e me pediu para tirar uma foto com ele. Graças a Deus essa é uma cena bem rotineira por onde ando, pois sou bem quista na tropa e no meio civil. Mas, desta vez, esse gesto de carinho veio acompanhado de uma narrativa que jamais esquecerei.
Disse o sargento que fazia questão de uma foto comigo, porque admirava muito meu trabalho. E acrescentou: “Major, ontem eu estava de serviço e apreendemos um menor com uma moto roubada; nossa guarneção o levou para o distrito e todos os procedimentos foram feitos. À tarde, Major – continuou o policial com um semblante triste e decepcionado – nós apreendemos o mesmo menor com outra moto que acabara de roubar! Major, finalizou o praça, nós estamos enxugando gelo! E seu trabalho impede que esse gelo se forme!”
Bem, queridos leitores e amigos, eis por que defendo com veemência a prevenção. Precisamos urgentemente impedir que novas crianças e adolescentes ingressem no mundo das drogas e da violência.
Depois que eles se tornam dependentes químicos, precisam de dinheiro para comprar a substância psicoativa, e, na grande maioria das vezes, terminam por ingressarem na criminalidade.
Meu lema, a partir dessa visita a Floriano, tem sido: “PREVENIR PARA NAO PUNIR!”
* Major Elizete Lima é Coordenadora Estadual do PROERD Piauí.
Colunista do Fort Notícias – @majorelizetelima
No nosso dia-a-dia, nos deparamos com o complexo problema das drogas, seja na rua, nas escolas, no trabalho ou nos centros de entretenimento e até mesmo nos meios de comunicação. A questão é tão grave que várias medidas até agora tentadas, restaram ineficientes, especialmente porque, agora, há um efeito colateral pernicioso e crescente: a relação direta entre a dependência química e a criminalidade. A ilusão da droga agrava o panorama de uma sociedade inteira, mormente porque ataca de forma fatal a célula mater das comunidades, qual seja, a família !! Com a finalidade de deixar de lado a timidez, de encorajar-se a mergulhar numa diversão sem limites, relaxar ou até mesmo como fuga de uma realidade indesejada, algumas pessoas, especialmente os jovens enveredam por este caminho que, embora mais fácil, não tem volta. DEPENDÊNCIA QUÍMICA TEM TRATAMENTO, MAS, INFELIZMENTE, NÃO TEM CURA !!! Necessário, pois, políticas públicas sérias, onde a análise sobre o tema das drogas, visando abordar seu aspecto histórico, funcional, jurídico e de saúde, bem como estudar sua relação com a criminalidade, deve ser aprofundado e debatido de forma mais ampla, com fito a uma atuação preventiva em relação aos dependentes e usuários que, uma vez “inimputáveis” pela nova lei de tóxicos (11.343/06), deixa-se de lado a repressão e pode dar um passo decisivo rumo a conscientização de que dependência química é uma questão de saúde pública e que assim deve ser tratada. Portando, de enorme relevância o artigo que ora comento. E, para darmos inicio a essa luta, faz-se necessário entender e definir o conceito do que é droga, seu aspecto histórico-social, bem como as reações maléficas que causam no organismo das pessoas. Por outro lado, entender e saber a distinção entre usuário e dependente, para então se proceder a uma análise mais acurada sobre seus efeitos, não somente em relação aos usuários e/ou dependentes, mas à família destes, pois são co-dependentes, e à sociedade, estas últimas as maiores vítimas. Feito isso, poderemos ter uma luz no fim do túnel a iluminar saídas para esse grave problema, para, ai sim, adotar as medidas preventivas a serem tuteladas pelo Estado.