BR-135, é a “rodovia da morte”, no Piauí.
A BR-135 começa em São Luís e vai até Belo Horizonte. No Piauí, seu trecho vai do município de Guadalupe a Cristalândia, na Divisa com a Bahia, no total de aproximadamente 500 quilômetros. O trecho piauiense é cada vez mais a estrada da morte.
Uma ruela asfáltica, sem acostamento e com sinalização precária, onde trafegam gigantes (bitrens, rodotrens) da estrada, junto com caminhões, ônibus, camionetas, carros de passeios e motos.
O motorista que inicia o trajeto por esta rodovia na cidade de Eliseu Martins, em direção ao Extremo-Sul do Estado, sobe literalmente no fio de uma navalha que fere, corta e mata.
É como se fosse um equilibrista percorrendo um fio nas artes circenses. De um lado, os motoristas e usuários dessa perigosa estrada, transitando em sua mão, são oprimidos pela ausência da área de escapamento e pela presença de abismos à beira da rodovia causadas pelo aumento da altura de suas margens devido a constantes recapeamentos.
Do outro lado, o motorista é desafiado a cruzar veículos cada vez mais pesados e largos, num tráfego constante resultante das demandas do agronegócio que prospera na região a passos largos. As carretas bitrens passam umas roçando nas outras. Os choques entre elas são frequentes, como frequentes também são os acidentes entre outros carros na estrada.
Muitas vidas humanas são ceifadas nessa guerra silenciosa chamada trânsito. São 55 mil mortes por ano no Brasil. Mais de 150 pessoas mortas por dia. Nem a violência urbana, hoje fora de controle, mata tanta gente em tão pouco tempo. A BR-135, no trecho piauiense, contribui a cada dia para o exponencial aumento dessa estatística fúnebre. Já se falou na construção de acostamento da estrada a partir de Eliseu Martins. Tudo não passou, porém, de promessa eleitoral.
Por muito menos, perto de Teresina, há alguns anos, o desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho ameaçou interditar a rodovia estadual entre os municípios de José de Freitas e Barras, que oferecia precárias condições de tráfego e perigos para os motoristas. A muito custo, o governo tratou de recuperá-la.
Não seria um despropósito se o Ministério Público Federal pedisse a interdição da BR-135, entre Eliseu Martins e Bom Jesus, em um dos sentidos, em um determinado turno do dia, até pelo menos a construção dos acostamentos.
Diante da inércia, da omissão, do descaso e da indiferença dos políticos, se qualquer um dos diligentes procuradores da República que atuam no Piauí rodasse naquela estrada uma única vez, em qualquer horário, ele seguramente voltaria para Teresina convencido dessa necessidade. Ou da adoção de outra providência mais enérgica.
* Zózimo Tavares é jornalista
Ótima Reportagem!
E nós, usuários e vítimas do desrespeito e descompromisso dos governos de cima a baixo, também somos passivos diante de tao medonha realidade. Infelizmente adotamos inumeras prioridades, mas esquecemos a principal, a vida. Gritamos empiricamente por segurança, mas não fqzemos nossa parte. Elegemos, e falo isso especificamente para o extremo sul, políticos que tem demonstrado anos a fio nao terem nenhum desejo de mudar essa estatística. Furtam milhões e nos dao tostões. Estamos presos numa prisão sem grade: ignorância, pobreza e analfabetismo. As chaves? Escondidas e teoricamente nos mostradas de dois em dois anos. Deus tenha piedade das famílias destruídas e do meu amado Piauí.