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Reforma política e a sensação de fácil solução

Por Bruno Guerra

A esquizofrenia da solução via modelos políticos importados, no que tange a lista preordenada ou fechada, como quer chamar alguns, além da possibilidade do voto distrital, trás ao debate, e em tempos de reforma previdenciária e trabalhista, a sensação de que tudo se resolveria com reformas. É reforma disso e daquilo para todos os gostos e matizes.

Não que sejamos contra reformas, ao contrário, é uma forma legítima de evolução das instituições democráticas, contudo o aspecto mais importante e que de fato impera no estado brasileiro, que nenhuma reforma pode consertar, é a corrupção desenfreada tanto dos políticos quanto dos eleitores, a ineficiência do estado e do setor produtivo, travado por uma burocracia desenfreada e uma carga tributária impagável.

A mãe de todas as reformas não é a Política, como quer alguns, mas a da própria consciência individual, para depois evoluirmos para uma consciência coletiva, já que a fonte de toda corrupção não se encontra fora do próprio “ser”, ontologicamente falando. Nós temos a capacidade desenfreada de culpar as instituições pelo fracasso moral de nossos representantes, e em última instancia o nosso próprio desleixo ético, quando na verdade a culpa ou o próprio dolo estão intrínsecos nas nossas atitudes.

Quando vendo ou compro votos, na verdade estou eu, a macular todo o sistema que nos envolve e por nós mesmos foi criado, por meio do pacto social vigente. Ora, as instituições e institutos de fato fisicamente e materialmente não existem, são ficções jurídicas que criamos para melhorar a breve estadia humana neste mundo, por tanto como criações, não podem simplesmente receber a culpa a despeito de seus criadores.

Parece meio pueril acreditar no ser humano hoje em dia, mas a única reforma possível para modificar as estruturas corruptas de nossa sociedade está ao alcance de cada um de nós e dentro de todos. Aqueles que acham que somos feitos de pura bondade, que a culpa não é nossa, façam um retrospecto de suas vidas e lembre-se de todas as vezes que burlaram regras e ordenamentos claros sobre “não trapacear, não enganar, não ludibriar, não furtar, não se apropriar do que não te pertences etc”.

A essa ilusão que muitos têm, daqueles que estão comprando as facilidades das reformas, chamei de esquizofrenia das soluções fáceis. Fáceis porque se baseiam na simples alternativa de mudança dos textos legais para operarem a construção do paraíso na terra, mais precisamente no Brasil. Se perguntem mais uma vez, a quem interessa essas reformas, quais de fato são seus objetivos?

A reforma política, mãe de todas, com seu fundamento na lista preordenada ou fechada, somente traria a tona o que já é escamoteado, ou seja, os partidos no Brasil têm donos e estão ai operando ás claras para se manterem no poder eternamente, garantindo ainda a continuidade por meio de seus herdeiros sanguíneos ou sectários.

*Bruno Guerra é advogado, colunista, escreve semanalmente no Fort Notícias

 

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