Família e Governo têm que estar unidos no combate às drogas e a violência
Por Major Elisete Lima –
Nos últimos tempos, temos presenciado o crescimento da violência nas pequenas cidades, mesmo nas zonas rurais dos municípios mais distantes da capital.
Paralelamente a isso, aumentam os usuários e dependentes de drogas, principalmente as ilícitas. Seria por acaso, uma mera coincidência?!
Os estudiosos das áreas das políticas públicas de segurança afirmam que a grande maioria das ocorrências policiais está, direta ou indiretamente, relacionada às drogas.
Os policiais militares, que estão na chamada “ponta da lança”, são quase unânimes em dizer que tudo tem a ver com as substâncias psicoativas, ainda que seja o álcool, que é lícito.
Na verdade, todos conhecemos pessoas que, sóbrias, são pacatas e ordeiras; e, ao se embriagarem, transformam-se completamente, alterando seu comportamento, que muitas vezes culminam com atos de violência.
E sobre as drogas ilícitas, o tráfico de drogas é recordista absoluto como o crime cuja pena é mais cumprida nos presídios brasileiros (no Piauí, mais de 50% dos presos foram condenados por tráfico de entorpecentes – dados do Tribunal de Justiça).
E quantos homicídios vemos diariamente ocorrendo entre os traficantes, ou entre policiais e traficantes, ou pessoas que nada têm a ver com o tráfico e que são vítimas das famigeradas “balas perdidas”!
E, o interessante é que as operações policiais também se aprimoram e são elevadas em primeiro plano para “combater” o tráfico, com recordes a cada ano de apreensões e prisões.
Programas de televisão sobrevivem quase que exclusivamente das notícias dessa natureza, em verdadeiro shows pirotécnicos cada vez que uma quadrilha de traficantes é presa, mostrando-se as toneladas de cocaína, maconha e/ou crack, muitas vezes com criminosos algemados ou mortos.
Mas o que a população ainda não se deu conta é que, mesmo com esses recordes, o uso e abuso de drogas, o tráfico e a própria criminalidade só aumentam ano a ano. Os números são claros.
Concluímos, portanto, sem muita análise que, a droga está sim intimamente ligada à criminalidade; mas, apenas prender não funciona!
Temos que redirecionar as políticas públicas de segurança e sobre drogas para dar ênfase à prevenção! E nesse pilar temos que envolver todas outras áreas: a educação, a saúde, o emprego, a moradia, etc.
Por óbvio, cada família tem que estar envolvida na construção de uma sociedade mais saudável e menos violenta. E o poder público, por mais que teimemos em investir na repressão, o melhor mesmo é a prevenção!
*Major Elisete Lima é colunista do Portal Fort Notícias.
Oficial da PM-PI, atualmente na Coordenação Estadual do PROERD; Advogada; Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil, em Docência do Ensino Superior, Gestão de Segurança Pública e, ainda, em Atenção Integral a usuários e dependentes de Substâncias Psicoativas.
Droga e violência são, respeitadas as circunstâncias, consequência uma da outra. Como co-dependente da droga e, logicamente,vitima da violência, a família brasileira convive com esses dois monstros que crescem a cada dia, assombrando todos nós.É cediço que a dependência química é um caso de saúde pública, disso não se tem dúvida. Já a violência tem seu maior fato gerador a ausência de uma base familiar onde se aprende o minimo de civilidade. Como célula mãe da sociedade, a família tem influência direta nos índices de violência e uso de drogas. Onde sua presença é mais forte, estes tendem a ser menores, pois a formação do indivíduo é flagrantemente melhor. A família tem especial importância na construção de quem somos, pois é no seio familiar que o indivíduo inicia seu desenvolvimento e ao longo de toda a vida experimenta o processo de constituição de si. Por outro lado, o estado tem a obrigação /dever de por em prática politicas publicas de modo a oferecer à sociedade ferramentas para enfrentar esses problemas. O estado brasileiro ainda é muito tímido, quiçá omisso, no enfrentamento desses problemas. Não se combate o mal sem conhecer sua origem. Nesse ínterim, desvendar a causa e por em prática programas com soluções exequíveis em face destes dois gravíssimos problemas é algo desafiador, mas sem o qual estaremos fadados a conviver cada vez mais com a dependência química e a crescente violência que tem como principal origem o tráfico de drogas.