Violência contra a mulher: Tudo começa e termina na EDUCAÇÃO!
* Major Elisete Lima –
Uma em cada três brasileiras (35%) maiores de 16 anos declarou ter sido vítima de violência física, verbal ou psicológica em 2016, segundo uma pesquisa recente do Instituto Datafolha, a pedido da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Intitulado “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, o estudo mostrou que 29% das entrevistadas afirmaram ter sido espancadas, ofendidas, ameaçadas, agarradas, perseguidas, esfaqueadas, empurradas ou chutadas nos últimos 12 meses. Em relação ao assédio, 89% das mulheres negras declararam ter sofrido comentários desrespeitosos e contatos físicos indesejados, em comparação com 35% das brancas.
E um dado muito preocupante também é que 52% das mulheres que declararam ter sido vítimas de violência não tomaram nenhuma medida, enquanto 48% procuraram ajuda da família, de amigos, de igrejas, de delegacias da mulher e de delegacias comuns.
Na verdade, embora nos últimos tempos as mulheres tenham conquistado espaços antes exclusivos do sexo masculino, tomado as rédeas de seu próprio destino, ultrapassando todos os inúmeros obstáculos para alcançar independência e respeito, ainda está longe o dia em que poderemos dizer que o Princípio da Isonomia, um dos pilares do Direito Constitucional, estará sendo levado ao efeito e à eficácia que tanto desejamos para as mulheres.
E uma das grandes violências que o sexo feminino sofre é o assédio, nas suas diversas nuanças. E, como não deixa marcas físicas e, na maioria das vezes, ocorre nos gabinetes, escritórios ou residências, onde não há testemunhas, as mulheres ficam reféns e reduzidas a vítimas em potencial, às vezes permanentes.
Ficando calada ou não, cedendo ou não, a mulher sofre as consequências.
Quando denunciam, vem a exposição e o julgamento maldoso da sociedade que ainda é muito machista; quando se calam e cedem, a mulher se recolhe, engole a seco, se sente suja, humilhada, porque se submete ao capricho de um ser humano sórdido e covarde que usa de seu poder para suprir sua pequenez; se se calam e não cedem, vêm as perseguições, as dificuldades e até demissões, se não for concursada. Nos serviços públicos, não são raras circunstâncias como esta!
De qualquer forma, a mulher sofre. É muito comum vermos mulheres que se desdobram em suas funções, destacam-se por mérito intelectual, fazem além do que está estatuído, mas… na hora do reconhecimento… os homens levam vantagem!
Não defendo políticas públicas que privilegie a mulher ou o negro ou o menor ou o militar ou qualquer que seja a característica; defendo, sim, as políticas públicas que trabalhem a sociedade como um todo para que o respeito à condição humana esteja acima de qualquer outro aspecto, inclusive de sexo.
E como faremos isso? Tudo começa e termina na EDUCAÇÃO!
*Major Elisete Lima é colunista, escreve semanalmente no Portal Fort Notícias.
Oficial da PM-PI, atualmente na Coordenação Estadual do PROERD; Advogada; Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil, em Docência do Ensino Superior, Gestão de Segurança Pública e, ainda, em Atenção Integral a Usuários e Dependentes de Substâncias Psicoativas.