Hospital de Redenção do Gurguéia sofre com a falta de recursos
Como parte da campanha “Saúde Para os Hospitais do Extremo Sul do Piauí ”, o Portal Fort Notícias inicia pela cidade de Redenção do Gurguéia um completo Raio X dos hospitais da região, mostrando a realidade nua e crua destas instituições.
A Unidade Mista de Saúde da cidade foi construída a cerca de 30 anos. De lá para cá já passou por várias reformas, mesmo assim, em alguns aspectos deixa a desejar.
Portas quebradas, paredes com infiltrações, os revestimentos dos banheiros de tão antigos dificultam a limpeza. Uma grande ala com cerca de 12 cômodos onde já funcionou enfermarias, laboratório e banheiros, está abandonada, entregue as traças, que se estivesse em funcionamento dobraria a capacidade de atendimento do hospital.
Nesta ala, em uma sala escura, sem energia elétrica, com infiltrações, está um aparelho de Raio X, desmontado, no chão, enferrujando sem nenhuma proteção.
“O prefeito Ângelo Sena (Macaxeira), vem lutando incansavelmente para melhorar a estrutura, nossa cidade estava um caos”, justificou uma das funcionárias que pediu para não ser identificada.
Ela ainda informou que durante a administração municipal anterior, o governador Wilson Martins entregou vários aparelhos, inclusive, de Raio X mas, como num passe de mágica; todos desapareceram. Ninguém soube dizer do paradeiro desses aparelhos, e o pior, o prefeito anterior não prestou contas.
Sem estrutura adequada, são realizados apenas procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade, em casos mais complexos os pacientes são enviados para a cidade Bom Jesus a 50 km.
O hospital dispõe de 11 leitos e cerca de 25 funcionários. Apenas dois médicos plantonistas revezam-se de segunda a sexta-feira, atendendo apenas no período noturno. O quadro conta ainda com quatro enfermeiras revezando em escala semanal.
Os equipamentos disponíveis em funcionamento são: um foco cirúrgico, um nebulizador, um DEA-Desfribilador externo automático e um ostocópio. E sem funcionar; um eletrocardiograma, uma maca de parto e uma incubadora.
Repasses
Para manter o funcionamento do hospital, o governo do estado repassa mensalmente o valor de 12 mil reais. A prefeitura contribui com o valor de cerca de 30 mil reais, destinados ao pagamento dos médicos plantonistas. São estes os valores que a direção dispõe para atender uma população de aproximadamente 10 mil habitantes, segundo dados do IBGE.
Alimentação
O hospital não oferece alimentação aos pacientes e nem aos funcionários. “Se eu não quiser morrer de fome minha família tem que trazer. Aqui não tem nem mesmo um cafezinho. Imagina um pobre do interior que não tem família aqui na cidade, como pode ficar nesse hospital? ”, questionou uma mãe que acompanhava o filho de três anos, em observação, com sintomas de diarreia, que também pediu para não ter sua identidade revelada.
Farmácia Básica e atendimento
Mesmo diante das dificuldades a farmácia básica é bem sortida nunca falta medicamentos. Ainda assim, não é raro emprestar material de insumos para o hospital de Bom Jesus.
O atendimento é elogiado pelos pacientes. “Sempre que venho aqui sou bem atendida. As mulheres daqui são muito atenciosas, preocupam com a gente, afirmou Katiele Batista, 22, em observação, com sintomas de vômito e dor de cabeça, moradora da localidade Lourenço a 18 km da cidade.
Segundo o secretário de saúde do município Edizon Ribeiro, já foi solicitada à Secretaria de Saúde do Estado uma reforma no prédio, mas até o momento não tem previsão para começar e a prefeitura não tem recursos para realizar a obra.
O movimento “Saúde Para os Hospitais do Extremo Sul do Piauí ”, solidariza com o corpo funcional desta Unidade Mista e população de Redenção do Gurguéia, para juntos, fortalecerem a mobilização em busca de melhorias aos hospitais da região.
