Hospital de Cristalândia está fechado e sucateado
Por Israel Guerra
Ao entrar, parece um cenário de guerra que entristece e revolta qualquer cidadão.
Do fechamento ao sucateamento. Foram apenas essas duas fases que a Unidade Mista de Saúde Ney Paranaguá, da cidade de Cristalândia do Piauí, passou até ser declarado o seu atestado de óbito em 2010.
Um grande prédio que poderia estar servindo a população encontra-se abandonado, em ruínas, servindo apenas de abrigo para morcegos, ratos e baratas. Alguns equipamentos estão sucateados, enferrujando com a ação do tempo. Ao entrar, parece um cenário de guerra que entristece e revolta qualquer cidadão que defende o zelo ao patrimônio público.
“Não é fácil o que estou enfrentando aqui, administrar uma área como a saúde sem as ferramentas adequadas”, disse o secretário de saúde do município, Sândalo Nogueira, com os olhos lacrimejando.
Desde o fechamento em 2010, os atendimentos passaram a ser feitos na Unidade Básica de Saúde Ardolino Juvêncio Paraguassu. É uma grande estrutura física abrigando poucos equipamentos – uma autoclave recuperada, um eletrocardiograma recuperado, uma estufa, um raio x e um microscópio. É tudo que possui.
Se funcionassem a contento, o Ney Paranaguá e a UBS Ardolino, de tão grandes, poderiam colocar Cristalândia como referência em saúde no Extremo Sul do Piauí.
Sem as condições adequadas, apenas simples procedimentos cirúrgicos são realizados. São seis médicos e quatro enfermeiras que se juntam a outros profissionais, totalizando um quadro de 40 funcionários.
O Governo do estado repassa o valor de 16 mil reais, somado a 15 mil reais repassados pela prefeitura. Com este montante deve ser atendida uma população de 8 mil pessoas segundo dados do IBGE (2010), chegando a realizar uma média de 600 atendimentos por mês.
Para a compra de medicamentos para a farmácia básica o hospital recebe R$ 3.160,00, sendo que é constante a falta de medicamentos.
As duas ambulâncias estão quebradas e, o pior, no município não possui posto do SAMU, o que faz aumentar ainda mais a dependência em saúde do município de Corrente, distante a 25 km. Lembrando que, quando o Ney Paranaguá funcionava, já houve momentos que esta situação era inversa, muitas pessoas de Corrente buscavam atendimento em Cristalândia.
Segundo o secretário “é uma situação inaceitável. Somos a população mais distante da capital Teresina (900 km), portanto, deveríamos ser a melhor atendida pelo governo do Estado”, explicou.
Diante deste cenário, aumenta ainda mais a responsabilidade dos gestores públicos e de toda a sociedade do Extremo Sul Piauiense para juntos, de mãos dadas ao povo de Cristalândia, buscarem soluções para a saúde na região.
Israel Boaz Lemos Guerra (Badé)
Confira as imagens da Unidade Básica de Saúde Ardolino Juvêncio Paraguassu