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Coluna Major Elizete – Cadê seu de dinheiro de Major?

* Major Elizete Lima

“ – Você que é a candidata?!”- perguntou-me uma senhora de meia idade, que estava na companhia de outra mulher, no centro de Teresina, mais precisamente na rua climatizada, onde eu, minha irmã e meu cunhado estávamos distribuindo panfletos e pedindo votos.

“ – Sim, sou eu mesma, Major Elizete 7777” – e entreguei-lhe o santinho com foto e número. “Pois tenho 10 votos na minha casa… e posso arranjar mais 10, no mínimo…”, disse-me com os olhos arregalados e um sorriso nos lábios. “Que maravilha!! Ficarei-lhe muito grata”, respondi alegremente. Antes que eu me virasse para outro transeunte que se aproximava, a mulher puxou-me pelo braço e disse: “Mas ‘pera aí! Não é só assim não! Esses votos serão seus… mas depende…!”. O meu sorriso foi se desfazendo ao tempo em que eu perguntava: “- Depende de quê?!”(no fundo eu já sabia o que viria a seguir…!). “A senhora sabe como é, né?! Tem que me dar algo… me ajudar. O que a senhora tem pra me oferecer?!”. 

Essa foi uma das inúmeras cenas que vivi na campanha de 2018. Em Parnaíba, foi um homem que estava com a esposa e o filho adolescente. Ele me perguntou se, junto com o santinho, vinha ao menos uma “onça”, referindo-se a uma cédula de R$ 50,00; no início, eu levei na esportiva, respondia que aquele santinho traziam-lhes algo infinitamente mais valioso, porque ali estavam algumas propostas que poderiam mudar efetivamente para melhor a vida de todos nós, e, quem sabe, ninguém precisasse vender o voto por uns trocados. Naquele panfleto, estava a opção de mudança, de fazer valer o poder de escolha que poderia mostrar aos políticos que eles são nosso meros empregados… e que, nas eleições, quem manda é o eleitor! 

Mas quanto mais se aproximava o dia da votação, mais e mais as pessoas manifestavam grande interesse em uma troca de favores ou de, literalmente, vender o voto. Perdi inúmeros apoios porque não tinha poder de barganha. O presidente de um Conselho Tutelar de uma cidade do interior, com o qual realizei algumas ações na área de prevenção, tinha manifestado a intenção de voto para mim ainda no ano passado; então, a uma semana do pleito, mandou-me uma mensagem pedindo desculpas porque apoiaria, daquele dia em diante, um outro candidato; segundo o conselheiro, não pode resistir à “oferta de ajuda que estava tanto precisando”.

E um certo vereador, umas das primeiras pessoas que me incentivaram a ingressar na política, também não resistiu às “pressõesFÇÇJRE”, segundo ele, do gestor municipal que estava apoiando outra pessoa. 

E foram muitas as mensagens dizendo: “Torço muito por você, Major; precisamos de mudança mesmo!… mas, infelizmente, já tenho “compromisso”… ou “dívida de gratidão”… ou … “fulano me ofereceu um emprego” … ou … ou… ou…!! 

Mas o fato mais estarrecedor veio de uma suplente de vereadora do partido que eu concorri as eleições; ela foi ao comitê e disse: “Major, onde está o dinheiro do partido?!” E eu respondi: “Do partido eu não sei; mas o da candidata está na conta corrente, para uso exclusivo nas despesas de campanha!!”. E ela, surpresa, continuou: “Cadê seu dinheiro de Major?!” . Eu já estava exausta de atitudes como esta, mas respirei fundo e falei: “O dinheiro DE Major é para pagar as contas DA Major; o dinheiro DE campanha, as despesas DA campanha!”. E ela quase me engole, com uma arrogância que me assustou, e disse: “Ah… pois você não será eleita!” (com o voto dela ou sua ajuda eu não seria mesmo!). 

Confesso que, no finalzinho, minha esperança de mudança no cenário politico piauiense já não estava tão forte como no início. Aí lembrei de uma frase que um certo Deputado Federal certa vez disse a um amigo em comum: “Major Elizete tem trabalho, mas não tem dinheiro!”. Nas rodas políticas meu nome estava em evidência e já começavam a admitir que eu teria chances! Mas era unânime a opinião de que me faltava a tal estrutura . 

Será que ele tinha mesmo razão?! 

* Major Elizete Lima é Oficial da PM-PI, ex-Coordenadora Estadual do PROERD; Advogada; Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil, em Docência do Ensino Superior, Gestão de Segurança Pública e, ainda, em Atenção Integral a usuários e dependentes de Substâncias Psicoativas.

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