Em greve, médicos reúnem com vereadores para solucionar o caos no hospital de Corrente
Os médicos que atendem no Hospital Regional João Pacheco Cavalcanti, em Corrente, paralisaram suas atividades por tempo indeterminado.
Ontem (06), em reunião com os vereadores da cidade, eles comunicaram as péssimas condições que se encontra o hospital e, juntos, vão buscar uma solução perante ao Governo do Estado.
Na ocasião, foi formada uma comissão composta pelos vereadores João Antonio Nogueira (Toni), Márcio Rocha, os médicos Valter de Oliveira e Wilson Grangeiro; um representante da sociedade, Salmon Cavalcanti Filho e o prefeito de Corrente-PI, Murilo Mascarenhas, para irem à capital Teresina, reivindicarem melhorias em audiência com o governador e o secretário estadual de saúde.
Os médicos reclamam que o hospital não oferece as condições básicas para desempenharem suas funções, faltam profissionais e materiais básicos para procedimentos cirúrgicos. Na avaliação deles a situação é caótica e preocupante.
Os funcionários contratados e terceirizados; vigias, zeladores, motoristas, enfermeiras, técnicos de enfermagem, entre outros, estão com salários atrasados a quase cinco meses.
Uma funcionária que não quis se identificar com medo de ser perseguida, disse que está desesperada sem receber seus proventos. “A situação em casa está muito difícil, sem receber o salário as dívidas acumularam. Estou desesperada”, desabafou.
Segundo o médico João Siqueira Mendes, é vergonhosa e humilhante a situação do hospital. “É um desrespeito ao povo de Corrente e do extremo Sul do Piauí. A alimentação para os pacientes é ruim, falta medicamentos, insumos, material básico de trabalho e profissionais de outras especialidades, como anestesistas”, denunciou.
Ainda de acordo com o médico, no laboratório faltam equipamentos. Os que existem estão velhos, sem manutenção, sucateados. Outros equipamentos como raio-x, mamógrafo, eletrocardiograma e ultrassom passam muito tempo sem funcionar por falta de manutenção. No raio-X por exemplo, não há sequer uma película (chapa). “Temos que ver o exame pelo celular’, disse, indignado.
O médico Jean Félix afirmou que os serviços realizados ainda no ano passado durante o mutirão de cirurgias eletivas, até agora não foram pagos. Além disso, vários plantões também não foram pagos. “Nem cobro mais, já entreguei nas mãos de Deus”, disse, durante reunião com os vereadores.
A estrutura física do prédio também deixa a desejar. Segundo Siqueira,’ há paredes sujas, os banheiros tem infiltrações, portas quebradas, sem trincos, vasos quebrados que exalam mau cheiro. Na área externa, muito mato, no almoxarifado documentos importantes estão jogados ás traças. Nas enfermarias não tem ventilador nem ar condicionado. Os pacientes agonizam de tanto calor’.
Ao todo são dez médicos que entraram em greve sem previsão de retorno. Enquanto isso, a população que precisa dos serviços do hospital João Pacheco Cavalcanti está prejudicada.
Confira a relação dos médicos grevistas: Wilson Grangeiro, Nelson Campos, Jean Félix, Epfânio da Cruz, Maria de Fátima Rezende, Ferdinan Pinheiro, Oscar Serafim, Nelson Ferreira, José Valter de Oliveira, João Siqueira Mendes e Tersandro Aurélio Sousa.
Participaram do encontro os vereadores: Toni, Naira Nogueira, Valéria Lemos, Joabe Santana, Gilmário Lustosa, Rivelino Cavalcanti, Cristovam Neto e Marcio Rocha.
Imagens mostram médicos reunidos com os vereadores na Câmara Municipal de Corrente