Coluna Israel Guerra – A educação sem rumo certo

* Israel Guerra

A taxa de analfabetismo do Piauí é a segunda pior do país, segundo dados divulgados mês passado, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, 17,2% da população piauiense, acima de 15 anos, não consegue escrever um bilhete simples, como “Maria vai ao mercado” – e que por isso é considerada analfabeta.

– Não é de hoje que os pais reclamam que não têm tempo para os filhos, e nem cabresto. À medida que crescem os filhos contrariam os pais com noções equivocadas de modernidade, valores sociais e éticos.

Acaba sobrando para os professores que recebem a rebarba em salas de aula. De lambuja, junta-se a tudo isso as facilidades da vida atual e o enorme aparato tecnológico. Resultado: a Escola de alguns anos para cá perdeu absolutamente o sentido de ser o templo sagrado e único do saber.

A ideia do Governo Bolsonaro em criar escolas militares trouxe muitos questionamentos sobre o papel da escola.  Dá-se aula ou vira-se confessionário como no big brother? Ministra-se conteúdo e prepara-se para a vida? Mercado de trabalho? É colégio ou ambiente de diversão?  

Enquanto não temos as respostas certas, para tais questões, os professores enfrentam o campo de batalha todos os dias “armados” de experiência, conhecimento e leitura. Alguns ainda imaginam que só isso é suficiente para encarar a luta docente: vencer pela competência! LEDO ENGANO.

O mundo dos jovens é tão mais interessante que em sala de aula, eles preferem curtir vídeos no youtube, e não estão nem aí para o ‘otário’ professor que tanto lutou para adquirir conhecimento. Melhor é zapear, curtir o Insta, ouvir as músicas da moda. Tudo é mais colorido, mais emocionante. No contexto em que ele está inserido, tudo tem razão de ser e acontecer.

E quando o professor abre a boca para falar de Brasil República, Obras de Jorge Amado, Monteiro Lobato ou conjugações de verbos; Pai do céu, começa o destempero! O máximo que o sujeito consegue ir é até o título da novela das 8 ou, quem saiu do big brother, e olhe lá! Sem falar nas manchetes dos telejornais.

 Aqui no Extremo Sul do Piauí eles sequer leem um título de uma matéria no Portal Fort Notícias. Nada é mais interessante do que a fofoca do zap.

Afinal, para que saber sobre a saúde de sua cidade? reforma da previdência? O que estão fazendo os 512 deputados e 85 senadores ou mesmo o prefeito e os vereadores de sua cidade? Para que serve mesmo lições de cidadania?

A verdade é que a educação, nos últimos anos, precisa de um norte, uma bússola, pois não sabe para aonde vai!

Aqui em nossa região, num tempo não muito distante tínhamos escolas que faziam duplo papel; ensinava e educava. As ferramentas eram apenas saliva, lápis, borracha e uma boa palmatória. Poucos apetrechos!

Tive a oportunidade de estudar nestes colégios na cidade de Corrente-Piauí – Instituto Batista Correntino e Colégio São José. Sem dúvida, nestas instituições recebi um complemento das ‘tacas’ que recebia em casa. Mas, como dizia o velho, meu pai, “doutor” em sabedoria popular: “o progresso traz regresso”.

Nesses tempos difíceis, em que a educação patina ao léu, em total escuridão, os profissionais da educação seguem a dura lida.

Sem rumo certo, “nenhum vento é favorável para quem não sabe onde quer chegar”. 

Israel Boaz Lemos Guerra é jornalista, editor/colunista do Portal Fort Notícias. Natural da cidade de Corrente-PI