Piauí é o segundo com maior número de pessoas que passam fome, segundo pesquisa
Pelo menos um quinto dos domicílios passa fome em dez das 27 unidades da federação. Como ocorre em outros indicadores sociais, todos os Estados em que mais de 20% das residências sofrem de insegurança alimentar grave ficam nas regiões Norte e Nordeste.
Alagoas é o Estado que lidera o ranking, com 36,7% das casas com privação no consumo de alimentos, mostram os dados divulgados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Este estudo é um detalhamento do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho, que mostrou que 15,5% da população brasileira estão nessa situação. Em todo o país, são 33,1 milhões de pessoas. Os dados se referem ao período entre novembro de 2021 e abril de 2022.
Desses dez Estados, cinco têm mais de 30% dos domicílios em situação de insegurança alimentar grave. Além de Alagoas, estão nesse grupo, Piauí (34,3%), Amapá (32%), Pará (30%) e Sergipe (30%). Os demais Estados com mais de 20% passando fome são: Maranhão (29,9%), Roraima (27,2%), Ceará (26,3%), Amazonas (26%), Pernambuco (22,2%).
Por outro lado, seis Estados têm menos de 10% dos domicílios em situação de fome. A menor proporção com fome está em Santa Catarina (4,6%), seguida por Minas Gerais (8,2%), Espírito Santo (8,2%), Paraná (8,6%) e Mato Grosso do Sul (9,4%).
Na média das regiões, Norte (25,7%) e Nordeste (21%) têm mais de 20% dos domicílios em que faltam alimentos, enquanto o índice fica abaixo dos 10% no Sul (9,9%). As demais taxas são 13,1% no Sudeste e 12,9% no Centro-Oeste.
Em números absolutos, o maior contingente de pessoas passando fome está nos Estados do Sudeste, com a maior população. São Paulo tem 6,8 milhões (proporção de 14,6% dos habitantes do Estado), enquanto o Rio de Janeiro tem 2,7 milhões de pessoas (15,9% do total). O terceiro maior número está no Pará (2,6 milhões de pessoas, ou 30% do total), seguido por Ceará (2,4 milhões, ou 26,3% da população).
“Os resultados refletem as desigualdades regionais registradas e evidenciam diferenças substanciais entre os Estados de cada macrorregião do país. Não são espaços homogêneos do ponto de vista das condições de vida. Há diferenças socioeconômicas nas regiões que pedem políticas públicas direcionadas para cada Estado que as compõem”, aponta Renato Maluf, coordenador da Rede Penssan.
Os dados nacionais mostram que quase 60% (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome). Em números absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros. O grau leve de insegurança alimentar inclui as pessoas que têm receio de passar fome em um futuro próximo.
Já a classificação de insegurança alimentar moderada já considera alguma restrição na quantidade de comida para a família. A insegurança grave é quando falta alimento.
Na análise por Estados, em oito das 27 unidades da federação mais de 70% da população convive com a insegurança alimentar. A pior situação, quando se considera a insegurança alimentar como um todo, é a do Estado do Ceará, com 81,8%, seguida pelo Piauí, com 80%.
Os dados mostram, ainda, que a proporção de insegurança alimentar é maior nos domicílios em que há crianças com menos de dez anos. Nessas moradias, a fatia de insegurança alimentar moderada ou grave está acima de 40% em todos os Estados da região Norte, sendo que chega a 60,1% no Amapá. No Nordeste, sete dos nove Estados estão também acima dos 40%.