Escola do DF concorre entre as 10 melhores do mundo em premiação
O trabalho desenvolvido por um educador do Distrito Federal para a reintegração ao convívio social de menores que cumprem penas por atos infracionais está na disputa de um dos mais importantes prêmios de Educação no Mundo: o World Best School Prizes (Prêmios para as Melhores Escolas do Mundo, em inglês). O projeto está entre os 10 finalistas selecionados no mundo todo.
Criado em 2015, o Projeto RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo, do professor de história Francisco Celso Leitão Freitas utiliza o estilo musical hip-hop como ferramenta pedagógica. Entre outros benefícios, a iniciativa tem ajudado os meninos que passaram ou estão na Unidade de Internação de Santa Maria (UISM) a assimilarem com mais facilidade os conteúdos ensinados pelo historiador. Prova disso é que a britânica T4 Education — entidade organizadora da premiação, que conta com parceiros como, American Express, Fundação Lemann e Accentura — incluiu a proposta no concurso deste ano.
O educador, que prefere ser chamando apenas de Francisco Celso, disse ao Correio que teve a ideia de usar o hip-hop ao perceber que os adolescentes não se identificavam com as informações contidas nos livros didáticos. Porém, segundo ele, assimilavam rapidamente as mensagens das canções do gênero melódico. “Talvez eu tenha sido o camarada que tenha tido a sensibilidade, como diz o Paulo Freire, de perceber que os nossos estudantes não são copos vazios e que eles carregam essa potência do hip-hop, da cultura urbana. O que a gente fez foi dar uma oportunidade a eles”, considerou.
https://www.youtube.com/watch?v=8Sm35yJi8po
O Correio acompanhou internos e outros jovens que passaram uma temporada na instituição confraternizando no Sarau Dá a Voz. Esse evento faz parte do projeto e ajuda a mostrar os resultados da ação.
“O projeto mudou minha vida de uma forma inexplicável, eu consegui dar a volta por cima”, garantiu a rapper Ingrid Gabrielle. “É uma satisfação, hoje, frequentar o local como cantora e não mais como uma interna”, comemorou a moça, com 18 anos, que trocou a unidade de internação pelos palcos.
“O projeto me transformou tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal, e hoje é sinal de esperança e de superação na minha vida. Quem conhece a minha história e sabe de onde eu vim e os lugares que eu frequentava vê, hoje, onde eu estou e o que eu tenho alcançando. São conquistas que tenho através do rap”, revelou a rapper Magestosa, outra ex-interna.
“O professor (Francisco Celso) sempre se empenhou pelos alunos da unidade e em dar voz às vozes mais caladas. Quando estou compondo e cantando, me sinto livre e mostro situações por que já passei”, contou ao Correio a rapper Colombo MC, outra egressa da UISM.
Fonte: Correio Brasiliense