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Cenário de guerra na Maternidade Municipal de Corrente

Mesmo sem conservação, prédio resiste de pé por mais de 20 anos.

Reportagem – Israel Guerra

O jornalista Israel Guerra, do Portal Fort Notícias, percorreu corredores escuros e escombros do prédio onde deveria estar funcionando o Hospital Maternidade de Corrente, para mostrar retratos que parecem um cenário de guerra, bem próximo ao centro da cidade.

A Maternidade Ruth Lustosa Nogueira, localizada na avenida Joaquina Nogueira de Oliveira, na cidade de Corrente-Pi, é um patrimônio público que pertence à Prefeitura e encontra-se em completo estado de abandono, literalmente em ruínas.

Mesmo sem conservação, a estrutura física que resistiu de pé por mais de 20 anos, dá sinais de que não aguenta mais tanto descaso e começa a cair. Com vários buracos no telhado, as infiltrações aumentaram danificando as paredes que começam a desmoronar.

As portas, janelas e os portais há muito tempo foram furtados. Nos banheiros não existe mais nada. Tudo foi surrupiado; pias, vasos, espelhos, lâmpadas, torneiras e chuveiros.

Uma grande estrutura arquitetônica construída com o objetivo de atender a população do Extremo Sul do Piauí, está completamente depredada. Um grande labirinto vazio, ocupado apenas por morcegos e usuários de drogas.

É triste para qualquer cidadão ver um patrimônio público nesta situação. É um exemplo claro da falta de compromisso da classe política para com a população desta região, especialmente para os correntinos, conscientes de que os recursos ali investidos, foram oriundos da carga tributária que carregam sobre seus ombros.

No entanto, ao longo destes anos, os correntinos não têm demonstrado a insatisfação que o caso requer pois, até hoje, nenhuma manifestação pública aconteceu em defesa desse hospital.

Inaugurada em 1995, a Maternidade ainda funcionou cerca de dois anos. Somente nesse período, aproximadamente 1.262 mulheres deram à luz 1.262 crianças, sendo que a primeira parturiente era da vizinha cidade de Formosa do Rio Preto, Estado da Bahia.

O prédio contava com 60 leitos, sala de parto, centro cirúrgico, cozinha industrial, lavanderia industrial e vários outros compartimentos, além de muitos equipamentos especiais que custaram muito dinheiro, conforme demonstrado em notas fiscais de compra.

Na relação dos equipamentos adquiridos havia: aparelho de raio-x R$ 42.500; duas incubadoras R$ 30.000; mesa cirúrgica R$ 18.000; monitor fetal R$ 23.000; nebulizador R$ 14.200; eletrocardiograma R$ 6.668; 25 camas R$ 11.700; duas lâmpadas auxiliares R$ 10.500, dentre outros equipamentos que somavam cerca de R$ 337.658,00.

Nos corredores, camas, berços e uma mesa de parto, todos enferrujados, é o que ainda restam como prova de que ali nasceram centenas de cidadãos, não só correntinos, mas da região.

Segundo o ex-prefeito Filemon Nogueira Paranaguá, (Filemozinho – 1993 a 1996), responsável pela construção da maternidade, tudo foi por “água abaixo”, quando na administração do seu sucessor, prefeito Tertuliano Cavalcanti (Terto – 1997 a 2000 / 2001 a 2004), foi impetrada ação na justiça, retirando do “Clube de Mães Arlinda Carmes Viegas”, a administração da maternidade.

“Na época, o Clube entregou para a prefeitura todos os móveis, mediante inventário, na presença do Oficial de Justiça. Até hoje, ninguém sabe do paradeiro desses equipamentos”, afirmou, Filemon.

Na tentativa de restabelecer o funcionamento do hospital, o então prefeito João Cavalcanti Barros, (2005 a 2008), celebrou convênio com o Ministério da Saúde e, em relatório circunstanciado, relata a necessidade de fortalecer o atendimento aos usuários e demonstra que a estrutura física da Maternidade encontrava-se adequada aos padrões necessários para funcionamento.

“Após a aquisição de equipamentos e material permanente para a maternidade municipal, obtivemos um grande alcance no atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde deste Município, e o objeto do Convênio foi totalmente cumprido”, afirma o ex-prefeito João Barros, em documento de prestação de contas ao Ministério da Saúde.

Credenciada no Sistema Único de Saúde (SUS), muitos profissionais conhecidos na região prestaram relevantes serviços na maternidade, como os médicos: Nelson Ferreira, Ilmar Cavalcante, Sérgio Gandarilla, Pedro Firmino, Paulo Uchôa, João Pacheco Cavalcanti, Jean Félix e Walter Oliveira. Todos remunerados pelo SUS, conforme repasse de produtividade gerado pelo Hospital Maternidade, em decorrência dos serviços ali realizados.

Sem a Maternidade, as parturientes recorrem ao Hospital João Pacheco Cavalcanti, onde há leitos que não possuem sequer um ventilador, onde as mães e os bebês são colocados no mesmo quarto, com pacientes portadores das mais variadas enfermidades, e tudo isso por falta de uma estrutura adequada.

Sem nenhuma solução à vista, os cidadãos do extremo sul do Piauí continuam num silêncio ensurdecedor, diante de tantos descasos com os recursos públicos.

      

2 comentários sobre “Cenário de guerra na Maternidade Municipal de Corrente

  • E uma vergonha nos mulheres tinham que ter uma maternidade aqui em corrente aí na hora da gente ter o nossos bebê temos que passa vergonha no hospital por lá todo mundo tem acesso a sala de maternidade. .

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  • Uma vergonha, irresponsabilidade, coisa de moleques, gasto de dinheiro público, processos judiciais q não foi contado na reportagem, uma desgraça, depois vem falar de PT, de corrupção depois do PT, esse país é uma piada, estive por três vezes dentro do prédio, prédio feito na laje, ferro errado, colunas de 15 em 15 metros, ali tem q derrubar… E doar o resto do que serve, telhas, madeiras, ali é um urso branco… Precisamos de gestão séria, , gestão bruta sem corrupção…

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