Coluna Fabriciano Corado – Brasil: Agricultura x Meio Ambiente

* Fabriciano Corado

A agricultura e meio ambiente são indissociáveis.

A primeira depende da segunda, sem a qual, não se maximiza o potencial que a natureza nos proporciona.

Vivemos nos últimos dias, momentos que proporcionaram situações que favoreceram a construção de uma série de narrativas que se utilizaram de repetições e divulgações em redes sociais, no intuito de desqualificar o Brasil quanto aos seus trabalhos em relação à preservação ambiental, especificamente quantos às queimadas na região Amazônica, o que levaria o país a sofrer possíveis retaliações por parte de nações da comunidade internacional especialmente na área do agronegócio.

Na verdade, devemos observar essa situação por outro ponto de vista, ou seja, analisarmos cuidadosamente para entendermos o quanto o Brasil é uma ameaça agrícola e mineral para alguns países desenvolvidos. Senão vejamos:

O Brasil estatisticamente preserva muito mais suas matas nativas do que muitos países desenvolvidos.  De acordo com recente pesquisa desenvolvida pela NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço) e pelo serviço geológico dos EUA, sobre as áreas cultivadas em nosso planeta, constatou-se que o Brasil tem 2/3 de sua vegetação nativa ainda preservada, o que corresponde a aproximadamente 66% de sua área. A União Européia possui 25%, a China 17% e os EUA apenas 14%.

Ao mesmo tempo, foi observado que as áreas de agrícolas no mundo giram em torno de 20 – 30% da área de cada país. Extrapola-se em alguns casos como: Índia (60,5%), Dinamarca (76,8%), Inglaterra (63,9%) e Alemanha (56,9%), por exemplo. O Brasil utiliza apenas 7,6% do seu território para o cultivo agrícola. O crescimento de sua produção, transformando o Brasil em um dos maiores celeiros de produção de alimentos do mundo, se deu através de muito esforço e trabalho de pesquisadores e produtores brasileiros, fazendo com que, por exemplo, em 10 anos, as áreas de pastagens diminuíssem em 10%, contudo a produção de carne aumentou em 120%.  O ganho em grãos e óleos vegetais que em 30 anos cresceram na ordem de duas vezes e meia, é outro resultado que fortalece a certeza do sucesso de nossas pesquisas.

Assim sendo, temos vocação para a agropecuária e um corpo de profissionais pesquisadores (Agrônomos, Veterinários, Zootecnistas, Eng. Florestais, Biólogos, etc) extremamente comprometidos com o aumento da produção e consequentemente com a melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro.

O aumento da produtividade proporcionou ao país, um crescimento substancial em exportações no setor primário, o que promoveu um enorme aumento na participação na balança comercial brasileira, reforçando grandemente o nosso PIB, impulsionando nossa economia e desenvolvimento rural.

Esses números nos levam a um cenário que proporciona alguns questionamentos e a algumas certezas…

O Brasil, em função de uma crescente demanda mundial por alimentos, será sem dúvida, um dos maiores provedores do mundo, o que levanta a preocupação de alguns países que concorrem conosco no comércio de agrícola, assim sendo, é mais fácil frear o desenvolvimento de nações emergentes como a nossa, praticando por vezes, um protecionismo disfarçado, usando as narrativas ambientalistas, visando quem sabe, a criação de barreiras às exportações brasileiras, na tentativa de restringir o nosso comércio internacional, usando o discurso de preservação ambiental na Amazônia, visto não conseguirem competir com a nossa carne, leite, grãos, etc… Nem mencionarei aqui a questão dos minérios, pois se sabe que o subsolo de nosso país é rico em muitos minerais que são essenciais no processo de produção industrial.

Portanto, vejo constantemente na mídia e em redes sociais, comentários e reportagens de cidadãos das mais diferentes classes sociais e observo que na sua grande maioria não levam em consideração os reais interesses e causas que estão envolvidas nessa discussão. É claro e evidente que devemos nos preocupar e procurar meios de preservar e proteger nosso meio ambiente, sem, contudo descuidar do desenvolvimento agropecuário. Podemos conviver equilibradamente com os dois setores, trabalhando em conjunto e promovendo o desenvolvimento econômico e social de nosso povo. Para isso, temos profissionais qualificados e produtores, na sua maioria comprometidos com esse desempenho.

Mas vamos adiante… torcendo por cidadãos mais brasileiros e menos militantes.

Jesus conosco!

* Fabriciano Corado (Fafá) é agrônomo, colunista do Portal Fort Notícias.

Graduado em Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Goiás – UFG; Especialização em Agronegócio e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Piauí – UESPI; Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí – UFPI; Preside a Associação Ambiental e Controle da Desertificação de Gilbués – ONG SOS Gilbués.