Coluna Israel Guerra – Estamos reprovados no quesito cidadania
Por Israel Guerra
Nesse turbilhão de tantas notícias ruins que veiculam nas televisões e nas redes sociais diariamente, ou talvez, sejam notícias boas, e eu, é que não tenho o preparo suficiente, ou ainda haja necessidade de uma maior elevação intelectual para compreender a nossa atual conjuntura.
Pelo que temos visto parece termos entrado em um furacão e, se não tomarmos as rédeas da nossa história, corremos o sério risco de nos envergonharmos de nós mesmos, de nossa inércia e do nosso desprezo com o nosso semelhante.
Como exemplo, descrevo uma situação em que pude ver isso estampado no olhar de desprezo e desaprovação no rosto de um cidadão de boas vestes, de aparência elitizada, olhando a duas senhoras negras e pobres, comprando uma mortadela, quase ao meio dia, em um movimentado supermercado de nossa região.
Quem sabe, no ocorrido, eu vislumbre algum sinal de resposta. Resposta à uma realidade onde o que testemunhamos é um conjunto de ações que podem nos transformar em uma nação (ou região), muito pequena e cada vez mais desigual e indiferente.
A escassez de bons modos, a ausência em nossas escolas de disciplinas ligadas à cidadania e aos bons costumes, por exemplo, nos leva a prever um triste cenário, tão dramático quanto à cena descrita.
Um cenário de homens atrasados, porque a educação eleva a cidadania. É justamente nesse ponto que o esperado avanço de nossa educação e o olhar do cidadão se encontram.
Se encontram na rejeição ao diferente, na desumanização dos pobres, no distanciamento da prática solidária.
Se não cuidarmos de nós, de nossos filhos, se não possibilitarmos aos mais pobres que tenham condições de serem menos pobres, se não nos dedicarmos a melhorar nossos indicadores sociais, como nação, como região próspera e como semelhantes, estamos perdidos. Reprovados no quesito cidadania.
*Israel Boaz Lemos Guerra é jornalista, editor do Portal Fort Notícias.
Excelente Israel Boaz!!
Mas é preciso muito cuidado ao tratarmos de cidadania em meio a tanta esculhambação (peço desculpas pela expressão, mas foi a única que me ocorreu para descrever o momento vivido por minha pátria mãe gentil). Mas voltemos ao que seria cidadania no Brasil. Para uns, qualidade ou condição de cidadão; para outros, condição de pessoa que, como membro de um Estado (no caso, o Brasil), se acha no gozo de direitos (políticos !!!) que lhe permitem participar da vida política (significados pesquisados na web – Feedback), para melhor confrontar o adjetivo com nossa atualidade. E assim seguimos tentando convencer a nós mesmos que somos verdadeiramente cidadãos. No Brasil, pela Constituição da República vigente, somente é considerado cidadão quem estiver em dia com suas obrigações eleitorais, ou seja, quem não estiver com seu titulo eleitoral regular, apto a votar e “ser votado”, NÃO É CIDADÃO!! Sequer tem direito à nacionalidade!! Nessa linha, por consequência lógica – e é exatamente assim que ocorre -, não sendo cidadão, também não terá direito a saúde, educação, segurança, etc., etc., só para citar os itens mais reivindicados. Tal previsão constitucional já inaugura a Carta Política em seu art. 1º, II, e é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, que coisa né? Pois bem, no nosso imenso e rico Brasil de tantas diferenças e indiferenças, a cidadania, a verdadeira, está longe de ser exercitada. A exclusão generalizada, a deseducação tão bem retratada nas sábias palavras de Boaz, o desrespeito ao juramento feito pelos eleitos que, ao tomarem posse, passam a representar não mais o povo, mas a grupos seletos e seus próprios interesses. Mas carrego comigo a esperança de que um dia isso melhore ou mude (ai já é sonhar alto). Todavia, não tenho nenhuma dúvida de que a cidadania só será possível quando o povo tiver acesso a uma educação de qualidade e, através dela, conquistar a liberdade de escolher o que quer ser e quem os governará. E assim vamos tocando a vida, acreditando que mais dia menos dia, seremos verdadeiramente cidadãos, nas filas de hospitais, escolas, delegacias, bancos e, finalmente, supermercados.