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Sobre o tal jogo da Baleia Azul

* Major Elisete Lima

Quando minha filha era bem pequena, por volta dos seus oito anos de idade, ela me disse que suas melhores amigas a estavam isolando, que não queriam mais sua amizade.

E não vou relatar aqui o porquê disso para não expô-la ainda mais, mesmo com a finalidade de ajudar outras mães ou pais.

O fato é que comecei a perceber a mudança de comportamento, ainda nos primeiros dias, e, graças a um relacionamento bem próximo que sempre tivemos, ela se sentiu à vontade para me dizer como se sentia e os motivos pelos quais aqueles sentimentos estavam aflorados – ela estava sofrendo!

E, juntas, analisamos as circunstâncias, ela chorou, e descobrimos uma forma de contornar tudo aquilo. Conduzi-a a refletir sobre a possibilidade de fazer novas amizades, porque, somente em sua sala de aula tinha pelo menos mais 30 meninas; e, na escola toda, centenas de garotas certamente iriam gostar de conhecê-la.

Fomos enumerando quantas pessoas a amavam, quanto carinho lhe era despendido por professores e funcionários da escola (porque minha filha conhece os vigias, os zeladores e outros funcionários de sua escola, e percebo o quanto eles gostam dela!).

A cada pessoa que lembrávamos, ela abria um sorriso em meio às lágrimas que percorriam sua face desde o momento em que começou a falar.

Desde entao, suas amizades nao se restringem à sua própria turma ou ao seu grau acadêmico; e, mais que isso, não sao só as meninas que fazem parte de seu ciclo da amizades, estando alguns garotos entre seus melhores amigos!!

Pois sim. E se nao tivéssemos essa “proximidade” para que ela desabafasse comigo?! E se ela não tivesse pessoas ao seu lado que lhes demonstrassem amor e carinho?! E se ela se sentisse tão insegura que não conseguisse superar a perda de umas poucas amigas?!

Penso que a Baleia Azul não é cerne do problema. Porque há outros jogos dessa natureza com outros nomes, outras regras… outras vítimas! Penso que a grande questão é como essa criança é preparada para reagir a um convite (ou uma imposição) para participar de algo desse tipo.

E quem pode capacitar uma criança, senão os pais, em primeiro plano?! (Mas não qualquer genitor! )

Um pai ou responsável que conhece de fato seu filho, que o acompanha ainda que em período curto de tempo, saberá se há mudanças de humor ou de comportamento! E não estou falando de estar morando junto ou vivendo 24h perto! Há pais separados que cuidam de seus filhos bem melhor do que quando estavam casados!

Conheço um pai, em especial, que foi incumbido da missão de pegar o filho na escola, quando do divórcio; e ele mesmo disse que jamais o fez quando moravam juntos (porque nunca tinha tempo!) e aquelas horas no carro lhes eram super proveitosas, geralmente regadas a risadas e com uma boa conversa de pai para filho!

Estabelecer esse elo é talvez a missão mais difícil quando não se começa logo na primeira infância. Mas não é impossível!

Recomendo que falemos abertamente com nossos filhos, sobre tudo, inclusive esses perigos da internet. Proibir o uso das redes sociais não me parece uma boa alternativa, uma vez que não se imagina, hoje, um adolescente que não tenha acesso à rede; se não tem em casa, de forma supervisionada, vai pegar emprestado dos amigos!

Recomendo mesmo é que dialoguemos com nossos meninos e meninas; que demonstremos mais nosso amor por eles; que brinquemos ao menos um pouco a brincadeira que eles gostem; que aprendamos a ouvi-los; e, que, sejamos uma sociedade em que um adulto se preocupe com o filho do outro, como se cuidasse de seu próprio filho!

*Major Elisete Lima é colunista, escreve semanalmente no Portal Fort Notícias.

Oficial da PM-PI, atualmente na Coordenação Estadual do PROERD; Advogada; Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil, em Docência do Ensino Superior, Gestão de Segurança Pública e, ainda, em Atenção Integral a usuários e dependentes de Substâncias Psicoativas.

 

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