Coluna Fabriciano Corado – A posição das velas
Dia destes, aproveitando o horário da noite que trazia um silêncio tranquilo, me permiti remexer papéis e escritos feitos há alguns anos. Esses papéis me reportaram a escritas especiais para mim.
Deparei-me com uma pequena frase em um canto de caderno velho, já bem amarelado devido ao passar do tempo. A frase me chamou a atenção. Dizia o seguinte: “Não podemos alterar a direção dos ventos, mas podemos mudar a posição das velas”.
Caramba… escrevi isso a muito tempo… pensei. Devo ter lido em algum lugar e escrito naquele cantinho de caderno para guardar a frase que tanto me chamou a atenção.
Li e vi o quanto ainda é atual essas palavras, pois após alguns dias, deparei-me com um vídeo que mostrava o Fórum de Investimentos – Brasil 2022, o maior fórum de investimentos da América Latina, onde o Ministro da Economia, Paulo Guedes, analisou o ambiente global. Procurei observar com curiosidade o discurso. Chamou-me a atenção as considerações do ministro, quanto ao cenário de futuros investimentos por países no mundo.
A primeira consideração foi feita apresentando o que está acontecendo fora do Brasil. Ele comparou a situação, a um mar turbulento, e afirmou que não melhorará tão cedo, com tendência a se agravar. Apontou para isso, três razões:
A primeira razão, foi apresentada como Teorema da equalização do preço dos fatores ou de Heckscher-Ohlin-Samuelson (H-O-S), em que diz que dois países que produzem dois bens e que apresentam funções de produção idênticas, supondo que não há restrições ao comércio nem custos de transporte, a remuneração dos fatores é a mesma.
Ele continuou a explicação demonstrando que existem 3,7 bilhões de indivíduos saindo da miséria (China, Rússia, Leste Europeu, sudeste Asiático, Indonésia), devido à globalização, o que ocasiona uma forte pressão no ocidente, uma pressão competitiva, que dificulta o aumento de salários e de ganhos no ocidente. Desta forma, se transfere para fora do país, a produção dos manufaturados, tênis, semicondutores, etc… os salários então sobem na Ásia e fica uma pressão no ocidente, causando pressão política nos regimes democráticos.
Entretanto, o ocidente esqueceu que seu enriquecimento foi devido ao trabalho, competição e comércio. Enquanto o ocidente desfruta de sua riqueza, dando folgas constantes, férias e aposentadoria muitas vezes precoce, o outro lado do mundo trabalha e produz sem encargos trabalhistas. O salário sobe lá e cai aqui. A pressão política é toda do lado de cá.
Continuou dizendo que após 30 anos, essa arbitragem de trabalho barato acaba, e quando isso ocorre, os salários começam a subir no mundo inteiro, então a inflação também subiria. Já a algum tempo essas pressões existem, pressões de custo.
A segunda e terceira razão, são a pandemia que deu um choque adverso de oferta com a economia sofrendo uma ruptura das cadeias de produção o que ocasiona, desta forma, mais inflação e menos crescimento ao mesmo tempo. Seguido da guerra da Ucrânia. Ucrânia produz grãos, a Rússia produz energia. Então os preços da comida e da energia sobem no mundo inteiro.
São três choques colossais botando pressão no mundo. Desta forma, o mundo começa a pensar na reconfiguração das cadeias produtivas e é o que é de mais importante para o Brasil, abrindo oportunidades devido a dois fatores importantes: a exigência logística (e o Brasil tem esse potencial) e a exigência geopolítica (o Brasil possui boas relações com todos os países).
Tendo essa visão, é que o governo foi categórico em afirmar a preocupação em recuperar o tempo perdido, construindo caminho para a prosperidade nacional. Assim sendo, foi feito acordos do MERCOSUL, União Europeia, OCDE, privatizações da ELETROBRÁS, portos de Vitória, Santos e outros, redução de impostos, simplificação e redução de ICMS, IPI’s, mais de 800 bilhões em investimentos privados, etc… dando “gordura” para dificultar a elevação de preços. Afirmou ainda, que o crescimento do país está garantido para os próximos anos. Segundo ele, o Brasil é a maior fronteira de investimentos aberta no mundo hoje. É necessário, porém, fazer a reforma tributária e aumentar a competitividade da indústria brasileira.
Afirmou ainda que a segurança alimentar e a segurança energética são necessárias para a inserção do Brasil na cadeia global. Temos matrizes energéticas limpas e as mais diversificadas do mundo. A Europa olha para o Brasil buscando segurança energética, a Ásia nos olha buscando segurança alimentar.
Não temos controle sobre o vento que os problemas nos impõem, porém podemos ajustar a posição das velas, que são nossas ações, para seguirmos o rumo que escolhemos trilhar. A economia está em boas mãos.
* Fabriciano Corado (Fafá) é agrônomo, colunista do Portal Fort Notícia. Graduado em Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Goiás – UFG; Especialização em Agronegócio e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Piauí – UESPI; Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí – UFPI; Preside a Associação Ambiental e Controle da Desertificação de Gilbués – ONG SOS Gilbués.
Perfeito!! Grande reflexão!!
Boa noite meu primo! Que os ventos soprem as adversidades e ajuste as velas que nos conduzam a um futuro promissor.
Abraço.
Assim será meu primo!!
Muito obrigado por explicar tão claramente um assunto tão complexo, deixa claro que é Jair com Paulo Guedes ou já era com qualquer outro!
Aos poucos o país vai mudando!