Pobreza menstrual atinge mais de 4 mil meninas no Piauí, diz estudo
Dificuldade para acessar itens de higiene básicos. É esta a realidade que vivem mais de 4 mil meninas piauienses que são atingidas pela chamada pobreza menstrual, ou seja, que possuem alguma restrição financeira que lhes impedem de ter acesso a materiais como absorventes, tampões e coletores menstruais. O dado consta no estudo de Avaliação de Risco Social, que foi realizado recentemente em 559 escolas da rede estadual de ensino piauiense.
O levantamento identificou que pelo menos 4.301 meninas vivem em situação de pobreza menstrual no Piauí. Este número corresponde a 11% do total de 50 mil meninas que participaram da pesquisa. Os dados piauienses refletem a realidade brasileira. Uma enquete promovida pela Unicef em maio deste ano, quando se comemora o mês da Dignidade Menstrual, revelou que a higiene menstrual ainda é um desafio para muitas adolescentes brasileiras.
Das mais de 2 mil participantes do levantamento a nível nacional, 19% responderam que já enfrentaram alguma dificuldade de não possui dinheiro para comprar a absorvente e pelo menos 37% relataram dificuldade no acesso a itens de higiene em escolas e outros locais públicos.
O Piauí já possui uma política de promoção da dignidade menstrual para as pessoas que menstruam. Por meio da Avaliação de Risco Social, será feito um mapeamento de onde essa realidade se potencializa para que sejam estabelecidas políticas centradas para os públicos específicos. Foi o que explicou a delegada Eugênia Villa, diretora de Avaliação de Riscos da Secretaria de Segurança Pública do Piauí.
“A pobreza menstrual afeta a vida dessas meninas, sobretudo na questão educação, porque muitas delas deixam de ir para a escola por causa disso. Nós mulheres sabemos como é algo desagradável. É elementar ter uma escova de dentes, ter acesso a absorventes e isso já saltou aos olhos da Secretaria de Educação, que está mais atenta a esta questão. Agora conseguimos mapear no Piauí inteiro qual é a escola, a população que necessita disso para que possamos estabelecer uma política mais centrada naquela menina”, explica a delegada.