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Coluna Israel Guerra – Porque nossos alunos abandonam a escola, os livros e a caneta.

Por Israel Guerra

Aqui em nossa região do Extremo Sul do Piauí, sempre que falamos em educação, exaltamos o seu benefício e apontamos como sendo a mais importante ferramenta para a solução de nossos problemas.

Todos nós parecemos engajados em sua melhoria. Apesar dessa unanimidade e da boa vontade, nossas escolas públicas patinam, e sua qualidade está longe de alcançar o patamar que desejamos.

Para entendermos essa curiosa distorção, era comum ouvir, cerca 12 anos atrás, a ideia de que nosso fracasso na área se devia à falta de “vontade política” de nossos governantes, ou ainda, que as elites alienavam os menos esclarecidos, através de uma mídia alienante.

De lá para cá, os dotados de “vontade política” chegaram ao poder, as elites de outrora deram lugar à “República dos Sindicalistas”. Mas a melhora esperada não veio.

Em nossa região do Vale do Gurguéia, os indicadores sociais da educação ainda continuam a nos envergonhar.

Nossos IDEB´s são abaixo da média nacional e refletem a pouca atenção que nossos prefeitos dão para uma área tão estratégica para nosso desenvolvimento.

Apesar disso, os discursos de nossos políticos sobre a área educacional continuam os mesmos. Será que eles agem de maneira proposital e maldosa? Até quando? A nossa inércia tem que ter fim.
E os nossos alunos? Eles aprendem muito pouco, e são os maiores interessados em seu próprio sucesso escolar. Por que não protestam?

Há, em primeiro lugar, a questão de idade: não queremos aceitar que crianças de 10 ou 12 anos se mobilizem em passeata pública por um ensino de melhor qualidade.

Quando os alunos se dão conta das deficiências do seu ensino, costuma já ser tarde demais, e o próprio atraso educacional dificulta a reclamação.

É improvável que um semiletrado escreva uma carta criticando o seu vereador ou prefeito. Que ele saia pelas ruas reivindicando seus direitos básicos.

Na verdade, os alunos são condicionados pelo seu sistema de ensino a acreditar que o culpado pelo insucesso do aluno é ele mesmo.

Para piorar, os próprios pais culpam o filho pelo insucesso na escola.

Cercados por esse mar de desconfiança e angustiado pelo próprio desconhecimento, os alunos protestam mais com os pés que com a cabeça.

Quando entendem que a escola lhes consome muito tempo sem dar muito em troca, abandonam a escola, os livros e a caneta.

*Israel Guerra (Badé) – Jornalista, editor do Portal Fort Notícias.

2 comentários sobre “Coluna Israel Guerra – Porque nossos alunos abandonam a escola, os livros e a caneta.

  • Amigo .parabens que texto belissimo , seria bom se muita gente tivesse acesso. Vou ler para meus alunos no 1 dia de aula posso ? Esse sim é um texto que dar gosto de ler . Sem puxasaquismo ou tendencioso .concordo com vc em todos os pontos e acrescento: que quando a gente mobiliza os pais em funcao desses beneficios eles alegam que nao, porque votou . Quando a gente usa a rede social pra falar tambem aparece um monte de gente falando coisas pequenas e te detonando.

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  • Os indicadores da educação pública realmente aquém do esperado. Este tipo de ensino (público) demonstra a ineficiência do sistema, configurando o mesmo como ruim, ineficiente e desigual. No entanto, um dos poucos avanços do sitema educacional foi a expansão da educação básica no país. Este tema é bastante amplo e deveríamos tratar mais destes assuntos, pois a reflexão crítica poderá nos levar a algumas soluções. Muito salutarsua matéria!

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