Coluna Major Elizete – Game Over (Fim de Jogo)
* Major Elizete
“Então, que comecem os jogos!”
Esta frase parece com um velho filme de ação, mas cai como uma luva quando a gente se filia a um partido político. Mal a pessoa assina a ficha de filiação e as relações mudam radicalmente… para muito pior.
Quando decidi por qual sigla eu concorreria às eleições de 2018, deixei para trás diversas propostas, algumas financeiras, outras por amizade… e optei por seguir com um determinado grupo que pregava, como eu, a mudança pra valer, com promessa de apoio e de incentivo, privilegiando a candidatura do partido, em detrimento dos outros candidatos da coligação, por óbvio.
Entretanto, infelizmente, no decorrer da campanha os interesses das grandes figuras foram se transformando em “ajuda financeira”, coisa que eu jamais poderia sobrepor, ou, sequer, concorrer. E inúmeras manipulações foram se desenhando e se concretizando, culminando com meu total isolamento dentro da coligaçao, a ponto de estabelecerem proibições de participações em eventos com o candidato majoritário.
E, pior que isso, a equipe de filmagem não me deixava aparecer em vídeos ou fotos, ainda que, confesso, eu tenha insistido nas solicitações…! E, para piorar mais ainda, meu (do partido) tempo de TV (que também era de responsabilidade da tal agência de publicidade) foi “compartilhado” com outros candidatos, o que me prejudicou demasiadamente, porque ainda hoje encontro pessoas que só tomaram conhecimento de que eu era candidata depois do expressivo resultado que alcancei.
Era o jogo… o jogo de interesses… a guerra interna!
Mas, por mais que os poderosos (sobretudo em poder econômico) tentassem me boicotar, mais crescia a onda de apoio por onde eu passava. Parecia, sinceramente, uma mensagem divina para me lembrar das razões pelas quais eu ingressara na política.
Um certo dia, fui a uma reunião de apoiadores em Fronteiras/Pi, a 406 Km da capital, cidade com pouco mais de 11 mil habitantes. Então, como sempre o fiz em todas as viagens, resolvi conhecer um ponto turístico, no alto de uma serra, no meio do nada, e lá estava um jovem casal de namorados, que, mal desci do carro, levantaram-se sorridentes e gritaram: “Major Elizete, 7777! Não acredito que é a senhora!”
Meu coração se encheu de alegria e contentamento, porque, mais uma vez, Deus me presenteava com situações infinitamente belas e inesquecíveis. Eram seguidores das redes sociais, meus eleitores, que criam piamente no poder do voto para mudar nossas vidas, efetivamente, para melhor.
Naquele dia, passou pela minha cabeça o enorme desafio que seria defender políticas públicas, como uma educação de qualidade, em todas cidades do Piauí, que permitissem seus jovens cidadãos permanecerem na sua terra natal, antes e depois de sua formação. E eu sonhei… sonhei usando a tribuna do Congresso Nacional, defendendo Projetos de Lei capazes de transformarem nosso país em um Brasil de oportunidades para todos.
Mas o jogo é duro e cruel. As cartas que eu tinha, apesar de preciosas, não foram pareas para o que os poderosos tinham em suas mangas Armani. Eles são os donos da banca; venceram. E eu…perdi a eleição. Game over!
* Major Elizete Lima é Oficial da PM-PI, ex-Coordenadora Estadual do PROERD; Advogada; Pós-graduada em Direito Civil e Processo Civil, em Docência do Ensino Superior, Gestão de Segurança Pública e, ainda, em Atenção Integral a usuários e dependentes de Substâncias Psicoativas.