Palmeira do Piauí possui “cemitério” de escolas públicas
Por Israel Guerra
“Se fechar escolas é preciso construir presídios”, Vitor Hugo.
A cidade de Palmeira do Piauí, localizada na região do extremo sul do Estado, possui um “cemitério” de prédios de escolas públicas. Ao todo, são dezesseis prédios escolares que estão abandonados, alguns em ruínas. Imóveis que um dia abrigaram livros, estudantes e professores, hoje, estão entregues ao descaso, ás cobras, ratos e baratas.
O município conta com cerca de 2 mil alunos e oitenta professores, ocupando apenas seis escolas de um total de 21 prédios escolares. Com apenas 5 mil habitantes, a cidade não tem nenhuma escola particular.
Em cada prédio escolar visitado pelo jornalista do Fort Notícias, o cenário é devastador. A preocupação que o poder público deve ter com a educação municipal não condiz com a realidade destas construções, onde um dia serviram para integração da comunidade, onde havia crianças brincando e estudando, hoje, estão em total abandono, sem nenhuma utilidade.
Segundo a secretária municipal de educação, Cibele Leal, não há previsão para recuperação e ocupação destes prédios. “Falta alunos para ocupar estas escolas. Muitos estudantes da zona rural que concluem o ensino fundamental vem estudar na zona urbana”, disse, a secretária.
Na parte externa dos prédios, a sujeira, o mato e o lixo vão construindo um cenário lamentável diante do que já existiu ali. Por dentro é pior ainda, paredes sujas e rachadas, portas e janelas quebradas, tetos despencando, fiação elétrica comprometida, algumas sequer tem energia elétrica. É inevitável o nó na garganta de quem vê o patrimônio público sucateado.
“Acho um absurdo tantos prédios fechados, sendo que tem alunos suficiente para ocupa-los. É não pensar nas crianças que são obrigadas a se deslocarem quilômetros de suas casas para estudarem”, afirmou uma professora, que com medo de ser perseguida, preferiu não se identificar.
“Sou professora e me entristeço com a situação de nossas escolas, principalmente as da zona rural. As escolas não possuem nenhuma infraestrutura para receber as crianças, não possuem área de lazer, não são muradas, o que acarreta risco para as crianças, sem falar na estrutura dos banheiros que é de calamidade”, denunciou a professora que também não quis se identificar.
Por conta da escassez de veículos e a má qualidade das estradas, crianças com idade de seis a oito anos, da localidade Barra de Malva são obrigados a saírem de casa às cinco horas da manhã, para a localidade Malva, sendo que o turno que estudam é a tarde.
“Na região da localidade São Francisco, muitos pais não colocam seus filhos na escola porque tem medo de acidente, devido à grande distância e a má qualidade dos veículos que fazem o transporte escolar. Alguns alunos têm que se deslocarem até 25 km”, denunciou um servidor do município, que por medo de represálias, pediu para não ter sua identidade revelada.
O descaso com a educação também atingiu a escola estadual Miguel Oliveira, localizada na praça Né Luz, no centro da cidade. Desta escola saíram muitos alunos que hoje ocupam cargos importantes no cenário estadual e nacional.
De acordo com o portal da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a prefeitura de Palmeira, recebeu do Ministério da Educação no ano de 2018, cerca de R$ 3.242.932,08, para serem investidos exclusivamente na educação municipal.
Localidades com escolas fechadas:
Anajá, Lagoa, Salina(duas), Cocal, Belo Monte, Boa Sorte e Cocal
Escola Fechadas na região da localidade Uruçuí:
Exu: Unid. Esc. João Mendes; Barra de Malva: Unid. Esc. Agenor Pacheco; Engano: Unid. Esc. Virgílio Martins; Vereda: Unid. Esc. Plácido José de Castro; Poço Branco: Unid. Esc. Vitória Borges; Altos: Unid. Esc. Minervina Luz; Barra: Unid. Esc. Isabel Pinheiro Da Luz