Coluna Bruno Guerra – A bem da verdade, não somos mais aquele povo pacato!
* Bruno Guerra
Ao longo de 2018, nas terras piauienses, prosperou a marginalidade, a mentira e o empobrecimento da população, que jaz perece sobre a incompetência de um governo que há quase duas décadas comanda o combalido estado do Piauí.
Se fosse de agora os desmandos e a incompetência governamental, ainda se poderia por a culpa nas sucessivas crises econômicas por quem tem passado o Brasil na última década, mas não é de agora que o nossos governos se vangloriam de pagar em dia o funcionalismo, como se fosse o maná de uma administração séria e comprometida com o desenvolvimento estadual.
Pagar em dia é tão somente uma das obrigações básicas de qualquer gestor, inclusive do setor privado, pois quem trabalha merece receber pelo suor despendido com a atividade na qual retira seu sustento e ajuda, com isso, no crescimento da nação. Contudo, nem isso é feito com regularidade, inúmeros fornecedores de serviços e produtos ao Estado Piauí encontram-se paralisados por falta de pagamento, a despeito de o governo estadual criar a todo instante, inúmeros cargos de livre nomeação sem concurso público.
Notícias de crimes bárbaros chegando às casas das pessoas mais humildes desse extenso estado aproximam-se como sopros gélidos na nuca, que arrepiam nossas almas ainda mal acostumadas com as barbaridades dos grandes centros urbanos, gente de bem sendo assaltada e baleada pelas costas nos rincões mais distantes da capital do Piauí, motos e outros meios de transporte tomados de assalto por menores e por usuários de drogas, que quase sempre dão no mesmo, parecem à anunciação dos fins dos tempos, não da raça humana, nem muito menos do planeta, mas fim da tranquilidade que reinava fagueira nas pequenas cidades interioranas.
O mundo não mudou, ele continua igual, o que mudou foi nosso estado, que antes incólume e rurícola, passou a compartilhar tudo de ruim das grandes cidades mundiais, nossos governos não se prepararam e duvido muito que façam alguma coisa. Somos governados pelos mesmos há bastante tempo, se não privilegiaram a segurança, saúde e a educação, não será agora em ano eleitoral que o farão.
Precisa-se de uma gestão focalizada no ambiente singular em que residem aqueles que necessitam da intervenção estatal, mais construtiva no sentido de acabar com as desigualdades sociais que reinam absolutas nos rincões de pobreza do interior piauiense. E ainda que fosse secundária essa pretensão, demonstrar uma mínima preocupação com o policiamento das cidades seria uma boa medida, mas a verdade é que há inúmeras cidades, como a minha querida cidade natal redenção do Gurgueia, que não contam com um policial sequer, em tudo dependendo da nossa cidade mãe Bom Jesus.
Qualquer implementação de policiamento ostensivo e preventivo, coaduna com uma nova visão de implementação de políticas públicas impactantes nas realidades locais, pois sem segurança nenhum profissional (assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, profissionais de saúde e agentes comunitários) conseguirá impactar nas vidas dos mais humildes, se é que se pode chamar de nova aquilo que de alguma medida vem contaminada pelo velho sistema burocrático weberiano.
Os velhos problemas que assolam a administração pública desde a primeira república, como Clientelismo e depois a Burocracia, apontados por Nunes em sua “A Gramática Política do Brasil” de 1997 (2010), continuam a permear e influenciar as tomadas de decisões nas políticas públicas e em todo o aparato estatal, ainda que mitigado por instituições como o concurso público, ainda não surtiram os efeitos desejados pela falta de segurança das populações e profissionais envolvidos, por isso, é mais que urgente à modernização gerencial do aparelho estatal.
A proposição consequentemente seria uma nova forma de gestão, na qual os atores envolvidos fossem chamados ao diálogo em torno das políticas públicas para uma gestão compartilhada, na base da cooperação mútua e solidária (SENHORAS, 2007), para que seus objetivos de prestar serviços de qualidade à sociedade abrangida, realmente prosperassem no ambiente competitivo que a economia de mercado vigora, com transparência, responsabilização e formação cívica da população beneficiada.
De forma despretensiosa espera-se contribuir com o estudo da Gestão Pública, das instituições públicas afeitas ao assunto e a com a melhoria da vida do povo mais sofrido do Piauí.
*Bruno Guerra é advogado, natural da cidade de Redenção do Gurguéia-PI.